Boa intenção, exemplo ruim

Vereadora de Itajaí arrecada doações via PIX pessoal e reacende debate sobre transparência

Apoio informal de vereadora em campanha de doações levanta debate sobre os limites entre boa intenção pessoal e responsabilidade pública.
Redação Café News
Foto: Divulgação.

O Café News recebeu diversas mensagens de leitores questionando a transparência de uma campanha realizada para ajudar o cão Apolo, atropelado em . As críticas apontavam principalmente o fato de as doações serem feitas via PIX para uma conta pessoal em nome da filha da vereadora (PDT).

Diante das denúncias, nossa reportagem procurou a vereadora para ouvir seu posicionamento antes da publicação da matéria.

Segundo Renata, a campanha partiu da filha, Ana Paula, que atua com ela há mais de 15 anos na proteção animal. A tutora do cachorro teria procurado Ana diretamente, e a vereadora apenas ajudou a divulgar o pedido de ajuda.

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Renata explicou que já estava envolvida em outra arrecadação em sua conta pessoal e, para evitar confusão entre os valores, optou-se por centralizar o PIX da campanha no nome de Ana Paula.

A vereadora ajudou na divulgação da campanha em seu Instagram pessoal:

A prestação de contas, segundo Renata, vem sendo feita com prints de extratos e comprovantes divulgados no Instagram da filha.

Valor arrecadado ficou abaixo da meta

De acordo com Renata, a cirurgia de Apolo custou R$ 4.118,00, mas a campanha arrecadou apenas R$ 3.200,00, sendo o restante pago do próprio bolso pela família.

Um demonstrativo da clínica VetCare confirma os valores informados e foi disponibilizado para a reportagem.

Questionada sobre as críticas de falta de transparência, a vereadora rebateu:

“Entendo que todos estão sujeitos a críticas, mas não faz muito sentido essas reclamações serem feitas para jornais e não diretamente para mim.”

Renata disse ainda que confia na credibilidade construída com seus seguidores ao longo dos anos e que não considera que deveria ter feito algo diferente na condução da arrecadação.

Boa intenção, mas falta de exemplo

Embora a campanha tenha como base uma boa intenção, especialistas lembram que agentes públicos, como vereadores, estão submetidos a princípios constitucionais que exigem legalidade, moralidade, publicidade e eficiência.

Arrecadar dinheiro do público utilizando contas pessoais, ainda que com transparência parcial, não atende integralmente a esses princípios. Para quem legisla e cobra transparência dos outros, a obrigação de agir com exemplos formais e éticos é ainda maior.

Não basta ter boa fé: é preciso estruturar ações públicas de maneira clara, impessoal e profissional para evitar dúvidas, proteger os doadores e preservar a confiança da população.

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