Senadores aliados de Bolsonaro exigem anistia e paralisam o Congresso
Parlamentares ocupam mesa do Senado e dizem que não sairão até projeto ser pautado
Bolsonaristas ocupam o Senado e travam o jogo
Um grupo de senadores aliados de Jair Bolsonaro resolveu sentar na mesa da presidência do Senado e paralisar os trabalhos da Casa. O motivo: querem forçar a votação de um projeto que concede anistia aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro. O movimento é mais uma reação à prisão domiciliar do ex-presidente, decretada nesta semana.
O cenário desta terça no Congresso
Foi na tarde desta terça-feira (5), em Brasília, que o grupo bolsonarista montou o teatro. A ação veio um dia após a prisão de Bolsonaro, determinada por Alexandre de Moraes, e é parte de uma estratégia maior de obstrução do Congresso. Eles prometeram não arredar pé até que o senador Davi Alcolumbre (União-AP), presidente da Comissão de Constituição e Justiça, paute o projeto da anistia.
Teve discurso, foto na cadeira e ameaça velada
A cena virou espetáculo: discursos inflamados, redes sociais ativadas e fotos na cadeira do presidente do Senado. Os senadores se revezaram ao microfone, criticando o Supremo, defendendo a “paz” e exigindo o que chamam de “reparação”. A sessão virou palanque. A ameaça foi clara: ou a pauta anda, ou nada mais será votado.
Quem são os autores da “pressão pela paz”
Estão entre os protagonistas da encenação nomes como Jorge Seif (PL-SC), Damares Alves (Republicanos-DF), Eduardo Girão (Novo-CE), Jaime Bagattoli (PL-RO), Izalci Lucas (PL-DF) e Magno Malta (PL-ES). Em vídeo publicado nas redes, Girão afirmou:
“Não sairemos daqui até termos uma resposta”.
A “resposta” exigida é o perdão amplo aos envolvidos nos atos golpistas que deixaram o Congresso em ruínas.
O problema de brincar com perdão político
O projeto de anistia é visto por analistas como uma tentativa de reescrever o que aconteceu no 8 de janeiro. A pressão por parte de senadores transforma a Casa em arena política, num esforço claro de blindagem. A mistura de chantagem institucional com revisionismo histórico torna o gesto ainda mais perigoso — e lamentável.
O que vem aí: mais gritaria ou negociação?
A oposição já avisou que pretende continuar a obstrução na Câmara e no Senado. Exigem, além da anistia, o impeachment de Alexandre de Moraes e o fim do foro privilegiado. O presidente do Senado ainda não se manifestou sobre a ocupação. Enquanto isso, o país assiste a mais uma tentativa de transformar a crise em palco — e o Congresso, em refém.