Morre Dona Guida, matriarca quilombola do Morro do Boi

Comunidade lamenta a perda da líder e guardiã das tradições culturais

Redação Café News 05 de janeiro de 2025

Foto: Arquivo Pessoal
Foto: Arquivo Pessoal

A comunidade quilombola do Morro do Boi está de luto com o falecimento de Margarida Jorge Leodoro, conhecida como Dona Guida, aos 93 anos. A matriarca faleceu na manhã desta quarta-feira (5) no Hospital Ruth Cardoso, deixando um legado de resistência e cultura.

Nascida em Camboriú, Dona Guida mudou-se para o Morro do Boi aos 25 anos, quando se casou com Almiro Leodoro (in memoriam). O casal teve 10 filhos, dos quais quatro já faleceram. Ao longo da vida, além de cuidar da casa e da família, Dona Guida trabalhou na roça, plantou fumo e auxiliou no engenho de farinha, além de atuar como benzedeira na comunidade.

Um legado de cultura e resistência

A história de Dona Guida foi registrada em diversas publicações, incluindo o livro Da Rua dos Pretos à Comunidade Quilombola do Morro do Boi, de Ana Elisa Schlickmann e Dalva Brum. Em 2014, ela também foi destaque no ensaio fotográfico A Rua dos Negros, de Leonel Tedesco, que retratou a vida e a cultura quilombola do Morro do Boi.

Mais do que uma moradora ilustre, Dona Guida era um símbolo de resistência e sabedoria, transmitindo conhecimentos ancestrais e fortalecendo os laços comunitários. Sua dedicação à cultura e à história do povo quilombola fez dela uma referência dentro e fora da comunidade.

Foto: Projeto A Rua dos Negros, fotógrafo Leonel Tedesco, LIC 2014
Foto: Projeto A Rua dos Negros, fotógrafo Leonel Tedesco, LIC 2014

Despedida

Dona Guida deixa seis filhos: Aldair, Maria, Adelair, Sueli Marlete, Reginalda e Almiro, além dos netos Zarubia, Roger, Patrícia, Rudinei, William, Jefferson, Sayonara, Michele, Camila, André e Rafael e os bisnetos Fernando, Gabriel, Beatriz, Cleber e Kauã.

O velório será realizado na Comunidade Quilombola do Morro do Boi (horário ainda a ser confirmado), e o sepultamento acontecerá nesta quinta-feira (6), às 16h, no cemitério de Mato de Camboriú.

O Ministério da Cultura e o Maracatu Nova Lua lamentaram a perda de Dona Margarida, destacando sua importância para a preservação da identidade quilombola e sua luta pelos direitos da comunidade.

“Que o legado de Dona Margarida continue a iluminar os caminhos de luta e união, e que sua memória permaneça viva no coração de todos aqueles que tiveram a honra de conhecê-la.” - Fernando Honorato, em homenagem à matriarca.