
Decisão que absolveu Bruna Aymone, acusada da morte da filha Júlia Luany, revolta e levanta debate sobre os limites da Justiça quando faltam certezas absolutas, mesmo com provas pesando contra.
Depois de oito anos de investigações, versões trocadas, perícias e reviravoltas, o Tribunal do Júri de Balneário Piçarras inocentou Bruna Cristiane Reinlein Aymone, acusada de matar a própria filha de 12 anos, em Penha, no ano de 2015. O padrasto, Nilton César Vieira, também apontado como envolvido, foi considerado revel por não comparecer ao julgamento.
Júlia foi morta a facadas numa casa isolada onde o casal trabalhava como caseiro. A denúncia do Ministério Público sustentava que os dois agiram juntos: um segurando a vítima enquanto o outro esfaqueava. Versões contraditórias, digitais com sangue numa faca e até suspeitas de abuso sexual faziam parte dos autos. Nada disso convenceu o júri.
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Contradições, frieza e um invasor imaginário
Bruna e Nilton chegaram a culpar um suposto invasor, que nunca existiu. Testemunhas relataram a calma incomum da mãe diante do corpo da filha. A perícia apontava que a faca foi empunhada em posição de ataque. Ainda assim, a defesa argumentou que não havia prova direta e que o comportamento de Bruna podia ser explicado por seu perfil psicológico.
O Conselho de Sentença entendeu que não havia elementos suficientes para uma condenação “além de qualquer dúvida razoável” — e decidiu pela absolvição.
“Ela foi absolvida mesmo com provas indiciárias fortes. Isso diz muito sobre como a dúvida pesa no Tribunal do Júri” — comentou, em off, um servidor do sistema de Justiça.
Ministério Público não engoliu a decisão
Para o MP, o crime foi premeditado e tinha motivação torpe: ciúmes de Bruna em relação à filha. A promotoria afirmou que vai recorrer da decisão com base na tese de que o júri ignorou as provas apresentadas. Se o recurso for aceito, um novo julgamento pode ser marcado.
Enquanto isso, a pergunta que paira em Penha é: quem vai responder por Júlia?