Juliana Pavan transfere gabinete para o Hospital Ruth Cardoso

A prefeita de Balneário Camboriú, Juliana Pavan, vai sair da cadeira do gabinete e se instalar — literalmente — dentro do Hospital Municipal Ruth Cardoso. A partir da próxima semana, toda a estrutura do gabinete será transferida para a unidade de saúde, num movimento que mistura gestão de crise, simbologia política e tentativa de retomar o protagonismo diante das críticas.

A decisão foi antecipada após a morte de um recém-nascido na Maternidade, no último fim de semana. Desde então, o hospital virou epicentro de pressão pública, com exoneração da então diretora Andressa Hadad, abertura de auditoria no contrato da maternidade e uma nova licitação emergencial para quem vai operar o Centro Obstétrico.

Nesta sexta (2), Juliana esteve pessoalmente na unidade para ajustar os detalhes da mudança. Segundo ela, a ideia é acompanhar de perto a rotina do hospital e agir com mais agilidade.

“Vou acompanhar de perto a rotina do hospital, ouvir pacientes, médicos, e toda a equipe que atua no Ruth Cardoso para que possamos entender quais são os principais problemas”, disse a prefeita. “Vamos atuar com rapidez para oferecer um melhor serviço de saúde aos moradores de Balneário Camboriú e de outras cidades que utilizam o HMRC.”

Gestão na berlinda

A movimentação acontece no momento em que a prefeitura também retoma conversas com o Governo do Estado para tentar estadualizar o hospital, que atende pacientes de toda a região. Caso não haja avanço, o município planeja implantar um novo modelo de gestão integrada, com uma única entidade controlando toda a estrutura — estudo que já vinha sendo conduzido, mas agora ganhou nova urgência.

Andressa cobra CPI e diz que alertou gestão

Também nesta sexta-feira (2), Andressa Hadad — ex-diretora do Ruth Cardoso — se manifestou pela primeira vez sobre sua exoneração. Em vídeo publicado nas redes sociais, ela rejeitou qualquer responsabilização pela morte do bebê Ragnar e afirmou que desde janeiro alertava a gestão sobre falhas graves no setor obstétrico.

A ex-diretora também relatou que sugeriu a não renovação com a empresa terceirizada, apontando fragilidades no contrato e denúncias registradas na ouvidoria. Segundo Andressa, a empresa vencedora da nova seleção desistiu, mas a segunda colocada chegou a ser chamada — até o processo ser cancelado pela própria prefeitura, que optou por renovar com a atual gestora.

Ela afirmou que toda a documentação já foi enviada ao Ministério Público e defendeu que os vereadores abram uma CPI para investigar a saúde municipal.

“Não serei escudo de ninguém. Sou lança e não tenho telhado de vidro”, declarou.

A prefeita Juliana Pavan foi procurada pela reportagem para comentar as declarações, mas até a publicação desta matéria não respondeu. O espaço segue aberto.