
Ícone da política latino-americana, José “Pepe” Mujica morreu nesta terça-feira (13), aos 89 anos, em Montevidéu. O ex-presidente do Uruguai enfrentava um câncer no esôfago que, nos últimos meses, se espalhou para o fígado. Ele havia optado por não seguir com o tratamento oncológico e passou seus últimos dias em casa, ao lado da esposa e companheira de luta, Lucía Topolansky.
Mujica ficou conhecido mundialmente não só por suas ideias, mas pelo jeito simples de viver e governar. Recusou os luxos do cargo de presidente, doou quase todo o salário e seguiu morando na chácara onde cultivava flores. Chamado de “o presidente mais pobre do mundo”, ele foi, talvez, o mais rico em princípios.
Da guerrilha à presidência
Nos anos 60, Mujica pegou em armas como integrante do grupo Tupamaros, de esquerda radical. Foi preso durante a ditadura e passou mais de uma década atrás das grades, boa parte em isolamento. Saiu da cadeia nos anos 80 e trocou os fuzis pelas urnas: virou deputado, senador, ministro e, em 2010, presidente.
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Seu governo entrou para a história com reformas progressistas e ousadas: legalização do aborto, do casamento igualitário e da maconha. Mas foi sua postura — humilde, direta, avessa ao protocolo — que mais marcou corações e manchetes.
“A política é a luta por felicidade para a maioria”, disse uma vez. E viveu de acordo com essa ideia.
Com a morte de Mujica, a América Latina perde uma de suas vozes mais autênticas. Um homem que acreditava que mudar o mundo começava por mudar a si mesmo — e que fez isso com coerência rara.