Entenda por que o Congresso virou palco de protestos e como está a situação nesta quinta-feira
Sessões suspensas, polícia acionada, bebê no plenário e tensão política no limite.
A semana começou em clima de ocupação no Congresso Nacional. Parlamentares da base bolsonarista bloquearam o funcionamento da Câmara dos Deputados e do Senado, com protestos barulhentos, cartazes colados no corpo e gritos por anistia e liberdade para Jair Bolsonaro. A resposta veio rápida e firme.
Do plenário ocupado à sessão forçada
Na Câmara, a Mesa Diretora foi fisicamente ocupada por deputados da oposição, o que impediu qualquer votação. Na Câmara, o presidente Hugo Motta retomou o controle da cadeira e conduziu a sessão após a ocupação do plenário. Ao chegar ao plenário, Motta teve dificuldades de assumir sua cadeira na Mesa Diretora por causa da obstrução feita por alguns parlamentares, especialmente Marcel van Hattem (Novo-RS) e Marcos Pollon (PL-MS).
Sessão extraordinária foi marcada para as 20h30. Com o apoio do Colégio de Líderes, Motta anunciou que usaria a Polícia Legislativa se necessário.
“Quem continuar obstruindo será retirado e pode ter o mandato suspenso por até seis meses”, afirmou.
A sessão foi retomada às 22h30, com o plenário desocupado e um discurso enfático de Motta:
“O Parlamento não pode ser refém de ninguém. O Brasil está acima de qualquer interesse pessoal.”
Quem tá por trás do barulho?
Deputados do PL e aliados bolsonaristas protagonizaram a ocupação. Entre os nomes mais visíveis estavam Júlia Zanatta (PL-SC), Zé Trovão (PL-SC), Nikolas Ferreira (PL-MG) e Gustavo Gayer (PL-GO). No Senado, coube a Davi Alcolumbre a condução dos trabalhos, com sessão remota agendada para o dia seguinte.
Bebê no plenário e denúncia ao Conselho Tutelar
A deputada Júlia Zanatta levou sua filha de quatro meses para o protesto no plenário e publicou em suas redes que estava usando a bebê como “escudo humano” para evitar a ação da polícia. A cena gerou reação imediata. Os deputados Reimont (PT-RJ), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, e Lindbergh Farias (PT-RJ) apresentaram uma denúncia formal ao Conselho Tutelar da Asa Sul, em Brasília, alegando exposição da criança a risco.
A representação cita o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e afirma que o ambiente era de instabilidade, risco físico e tensão institucional.
“Tal conduta suscita sérias preocupações quanto à segurança da criança”, diz o documento.
Reimont lembrou que, naquele momento, o presidente Hugo Motta já havia sinalizado a possibilidade de uso da Polícia Legislativa. Lindbergh reforçou:
“Ela não pode usar uma criança daquela forma.”
O Conselho ainda não se manifestou oficialmente. No mesmo dia, outras crianças também foram vistas no plenário da Câmara durante a ocupação.
Por que o Congresso tá travado de verdade
Apesar da pauta mais visível ser a defesa de Bolsonaro e a tentativa de pressionar Alexandre de Moraes, há outras motivações por trás da obstrução. A oposição critica a falta de avanço na proposta que põe fim à escala 6x1 e nas discussões sobre justiça tributária. Também há descontentamento com os rumos da CPMI do 8 de Janeiro, que tem desgastado ainda mais o bolsonarismo.
Como a coisa tá andando agora?
A sessão na Câmara foi retomada, mas o clima continua tenso. Deputados bolsonaristas ameaçam novas obstruções caso suas pautas sigam ignoradas. O Senado manteve uma agenda remota.
Fica de olho em…
Há risco real de suspensão de mandatos, novos protestos e mais tentativas de travar o Congresso. Votações importantes seguem paradas, e o impasse promete durar mais alguns capítulos. A crise institucional segue aberta.