
A situação da educação indígena em Santa Catarina deve entrar na pauta da Assembleia Legislativa (Alesc). O deputado estadual Marcos José de Abreu – Marquito (PSOL) propôs a realização de uma audiência pública para discutir melhorias na estrutura das mais de 30 escolas indígenas estaduais. O pedido foi apresentado à Comissão de Educação da Alesc, após relatos de lideranças indígenas e pesquisas que apontam dificuldades como infraestrutura inadequada, escassez de professores e problemas no transporte e na alimentação escolar.
Escolas sem estrutura e crianças caminhando horas para estudar
Segundo Marquito, a realidade das escolas indígenas do estado é preocupante. Durante uma visita à Escola Indígena Laklãnõ, em José Boiteux, ele constatou a falta de itens básicos como exaustores na cozinha, prateleiras para armazenamento de alimentos e material didático. Além disso, o transporte é precário, e algumas crianças chegam a caminhar mais de uma hora para chegar à escola.
“Existe uma deficiência crônica no quadro de professores, com escassez de docentes e alta rotatividade devido às contratações temporárias, comprometendo a continuidade pedagógica”, destacou o deputado.
Ensino bilíngue ainda é um desafio
Outro problema apontado pelo parlamentar é a dificuldade de implementação do ensino bilíngue e intercultural. Apesar de previsto em lei, esse modelo educacional ainda encontra barreiras na prática. A falta de material didático adaptado à realidade indígena, por exemplo, dificulta o aprendizado e a valorização da cultura local.
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“As escolas indígenas estão submetidas a um sistema educacional que não considera suas especificidades culturais e organizacionais, gerando dificuldades na adaptação do modelo de ensino e na gestão escolar”, afirma Marquito.
Além disso, a alimentação escolar fornecida nem sempre respeita os hábitos alimentares das comunidades, o que pode comprometer a adesão dos alunos e a qualidade nutricional das refeições.
Próximos passos
A audiência pública ainda não tem data definida, mas deve reunir lideranças indígenas, especialistas em educação e representantes do governo para discutir soluções. O objetivo é buscar melhorias tanto na estrutura física das escolas quanto no desenvolvimento de políticas educacionais que respeitem a cultura e a identidade dos povos indígenas de Santa Catarina.
“Queremos aprofundar o debate sobre os desafios e buscar soluções legislativas e administrativas que garantam o direito à educação dos povos indígenas em nosso estado”, concluiu o deputado.