Crime, Poder e Mentira
Flávio tem preço. E o país paga a conta.

A candidatura do filho do ex-presidente se entrelaça ao avanço das milícias, à blindagem política e ao silêncio conveniente da mídia.
Flávio Bolsonaro admitiu publicamente que tem preço para desistir da disputa presidencial. Não foi descuido. Foi confissão. Quando um candidato anuncia que pode ser comprado, ele entrega o DNA de todo o projeto político que representa. Política vira mercadoria. Governo vira negócio. Democracia vira moeda de troca.
Enquanto isso, a base que sustenta o bolsonarismo continua exposta. A CCJ da Alerj correu para salvar Rodrigo Bacellar, mesmo após a PF encontrar dinheiro vivo no carro oficial e apontar repasses de informações sigilosas para TH Joias. O Fantástico mostrou trechos do depoimento de Bacellar e ali estava a estrutura inteira: não é exceção, é sistema.
E tudo retorna ao mesmo sobrenome. Rachadinha na Alerj. A sociedade na Kopenhagen. A mansão de seis milhões. A ligação com Adriano da Nóbrega, miliciano do Escritório do Crime. O padrão é consistente, antigo e conveniente. Ainda assim, parte da imprensa tenta empacotar Flávio como peça moderada do jogo político. A CNN tratou sua entrada na disputa como um elemento capaz de reorganizar o cenário e fortalecer a terceira via que ela própria torce para ressuscitar, quase lamentando por Tarcísio não capitalizar mais com isso. O texto ignora todo o histórico criminal do clã, suaviza a gravidade e transforma o óbvio em análise estratégica.
E o óbvio é este: o bolsonarismo andou, cresceu e se financiou com as mesmas estruturas que o crime organizado aperfeiçoou. A PF já flagrou políticos aliados com pacotes de dinheiro vivo. Investigações ligam o governo do Rio à proteção do Comando Vermelho dentro da Alerj. As milícias avançam no território como nunca, e não por acaso. A mesma lógica do dinheiro sem origem abasteceu acampamentos golpistas, bancou fugas para o exterior, comprou silêncio e garantiu moradia a quem fugiu do país.
Cada peça se encaixa. O filho que tem preço. O parlamento que blinda Bacellar. Os governadores bolsonaristas que correram para defender Castro após a chacina no Rio. A rede que protege, financia, compra e esconde. Nenhum desses movimentos é acidental. Todos compõem a mesma engrenagem.
E agora, com Flávio no centro da eleição, o retrato fica mais nítido. Não existe separação entre bolsonarismo e crime. Existe simbiose. Troca. Interesse. Método. O miliciano não é aliado eventual. É fundador silencioso da obra.
E a conclusão é direta. Se Flávio tem preço, é porque seu projeto sempre teve. E quem paga essa conta é o país inteiro.
Café servido.
Receba cafés fresquinhos de informação — notícias leves, rápidas e sempre quentinhas.
Entrar no grupo






