Show de Zezé com apelo por anistia consumiu quase toda a receita do turismo de Porto Belo
O cantor recebeu R$ 450 mil da Fundação de Turismo, valor que representa 65% da receita do órgão. O evento integra o Festival do Camarão, uma das principais atrações do calendário da cidade.
O show de Zezé Di Camargo em Porto Belo virou símbolo de uma conta salgada. O cantor recebeu R$ 450 mil da Fundação Municipal de Turismo e Desenvolvimento Econômico para uma apresentação de 110 minutos no Festival do Camarão — e encerrou o evento exibindo uma camiseta com o pedido “Anistia já”, em referência aos presos dos atos golpistas de 8 de janeiro.
Quando foi
O evento aconteceu no início de outubro, no Centro de Eventos da cidade, e fazia parte da programação oficial do Festival do Camarão, tradicional atração do calendário turístico. A contratação foi feita por inexigibilidade de licitação e, segundo dados da própria Fundação, o valor pago ao artista representa cerca de 65% de toda a receita própria do órgão.
A cena
Durante a apresentação, Zezé levantou uma camiseta com a frase “Anistia já para os presos do 8 de janeiro”. O gesto dividiu o público e gerou críticas nas redes sociais, especialmente por ter sido feito em um evento financiado com dinheiro público. O episódio rapidamente ganhou repercussão nacional e colocou Porto Belo no centro de um debate sobre o uso de verbas municipais.
Quem bancou
A Fundação Municipal de Turismo confirmou o pagamento e afirmou, em nota, que o festival é realizado com recursos próprios, sem comprometer o planejamento da temporada. Segundo a instituição, o evento é uma das principais estratégias para movimentar a economia local. Já o cantor, que em outras ocasiões criticou artistas beneficiados pela Lei Rouanet, ainda não se manifestou sobre o cachê recebido de recursos públicos.
Hipocrisia
A conta vai muito além dos R$ 450 mil. O show expôs uma contradição: enquanto condena o uso de verbas culturais federais, Zezé aceitou um pagamento milionário feito com dinheiro de um fundo municipal de turismo. A ironia não passou despercebida por quem acompanha de perto as discussões sobre financiamento público da cultura.
E o turismo, como fica?
A polêmica acendeu um alerta sobre as prioridades da gestão de Porto Belo. Com boa parte da receita do turismo gasta em um único show, especialistas questionam se o município não comprometeu outras ações de incentivo e estruturação do setor. Por ora, não há investigação oficial, mas a pressão pública cresce.
Este café foi servido com informações de Amanra Miranda / ICL Notícias.
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