STF torna Bolsonaro réu por tentativa de golpe e outros quatro crimes
Ex-presidente e aliados são acusados de planejar impedir a posse de Lula e promover ataques às instituições democráticas
A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu por unanimidade, nesta quarta-feira (26), tornar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) réu por cinco crimes relacionados à tentativa de golpe de Estado. A decisão também alcança outros sete aliados investigados no mesmo inquérito, que apura ações para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) após as eleições de 2022.
Com a decisão, o processo entra em nova fase: a ação penal será de fato instaurada, e testemunhas de acusação e defesa começarão a ser ouvidas.
Segundo a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), Bolsonaro é acusado de:
Organização criminosa armada
Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito
Golpe de Estado
Dano qualificado ao patrimônio da União
Deterioração de patrimônio tombado
Se for condenado por todos os crimes, o ex-presidente pode pegar até 39 anos de prisão.
Plano golpista mirava STF e previa uso de armas
A PGR afirma que Bolsonaro liderava uma organização criminosa armada, com divisão de tarefas e intenção clara de atacar a democracia. De acordo com o procurador-geral Paulo Gonet, o grupo chegou a cogitar o uso de armas contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF, e até a morte por envenenamento do presidente Lula.
“Tinha no Supremo Tribunal Federal o alvo a ser ‘neutralizado’. Cogitava do uso de armas bélicas contra o Ministro Alexandre de Moraes e a morte por envenenamento de Luiz Inácio Lula da Silva”, diz trecho da denúncia.
O crime de organização criminosa armada prevê pena de 3 a 8 anos de reclusão, podendo ser agravada se houver uso de armas de fogo ou liderança do grupo.
Tentativa de golpe e ataques à democracia
Dois dos crimes imputados a Bolsonaro — abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado — estão previstos em uma lei sancionada por ele mesmo, em 2021, que revogou a antiga Lei de Segurança Nacional. Ambos envolvem tentativas de suprimir o regime democrático e destituir o governo eleito por meio de violência ou grave ameaça.
A pena varia de 4 a 12 anos de prisão, dependendo do tipo de infração.
Ataques de 8 de janeiro e danos ao patrimônio público
A denúncia também responsabiliza Bolsonaro pelos ataques de 8 de janeiro de 2023, quando as sedes dos Três Poderes, em Brasília, foram invadidas e depredadas. Segundo a PGR, o ex-presidente incentivou os acampamentos em frente a quartéis e contribuiu para a radicalização que culminou na invasão.
“O episódio foi fomentado e facilitado pela organização denunciada (…), com vistas a romper a ordem constitucional, impedir o funcionamento dos Poderes, em rebeldia contra o Estado de Direito Democrático”, afirma o procurador-geral.
O prejuízo estimado com os danos ultrapassa R$ 20 milhões. A PGR incluiu ainda o crime de deterioração de patrimônio tombado, pelo qual a pena é de até 3 anos de prisão e multa.
E agora?
Com a instauração da ação penal, o STF passará a ouvir testemunhas, analisar provas e decidir se Bolsonaro e os demais réus devem ou não ser condenados. A denúncia representa um dos capítulos mais graves enfrentados pelo ex-presidente desde que deixou o Planalto.
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